sábado, 2 de fevereiro de 2008

Palestras em escolas - incentivos a literatura

Primeiro Capitulo - (O Mistério da Bruxa de Areia Dourada)
Antes do sol nascer
Uma ventania varria a poeira das estreitas ruas de terra vermelha. Um feixe de galhos secos rodopiava pra lá e pra cá, até se enroscar nos pés de uma senhora de cabelos brancos, Nhá Maria, velha, mas ainda bem disposta, daquelas cuja idade ninguém se arriscava a adivinhar com sucesso. Havia quem afirmasse que a velha descendente de índios teria mais de um século de existência.
Naquela madrugada ela estava atrasada para o seu habitual e misterioso passeio matinal. A mão esquerda apoiando uma cesta de vime sobre a rodilha branca feita com os seus próprios cabelos, a mão direita segurando o cajado de quase dois metros de comprimento, com uma forquilha na ponta. Num movimento rápido, usou o cajado para se livrar dos galhos secos que se enroscaram em seus pés. Livre do emaranhado de galhos e num gesto de irritação, resmungando consigo mesma, acelerou os passos como se corresse contra o tempo.
- Diacho! Estou atrasada hoje e, o que é pior, o sol já está quase nascendo. Maldição!
Enquanto resmungava, entrou pela rua principal e um cachorro magro recebeu uma cutucada nas costelas, porque vacilou na sua frente. As ruas ainda estavam desertas e a velha parecia contar com isso. Finalmente, parou junto à porta fechada da quitanda do seu Maneco. Após certificar-se de que não havia ninguém observando, bateu três vezes, de leve, com o cajado, e a porta se abriu. Duas mãos rápidas retiraram-lhe a cesta da cabeça, que foi devolvida em segundos, totalmente vazia. A porta se fechou e Nhá Maria suspirou aliviada. Tirou uma caderneta do bolso e anotou a data em uma página: 10 de abril de 1950. Olhou para um lado, para outro e, não vendo nenhuma alma viva, iniciou o caminho de volta com expressão mais calma, sem aliviar a pressa. Deixou a rua principal e desceu a ruela em direção à sua casa, região leste da cidade. Concentrada em seu trajeto, cruzou por três garotos sem percebê-los. De repente, recebeu uma pedrada nas costas e ouviu o som da correria dos moleques em fuga, gritando versos e palavras de ódio contra ela:

Bruxa papão
Que mata criança
Pra fazer sabão.

- Malditos! Malditos... – Praguejou a velha.
Os garotos agressores desapareceram na esquina da rua principal e Nhá Maria apressou-se ainda mais, ansiosa para chegar em sua casa.

*****
A presidente da AEL - Academia Estudantil de Literatura
Professora Sueli após a leitura do livro, convidou o autor para
realizar duas palestras nas escolas municipais.
Blog da Adademia: http://ael.zip.net/arch2007-12-30_2008-01-05.html

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