domingo, 13 de setembro de 2015

DE TODO VERDE DAS MATAS - Meio ambiente

DE TODO VERDE DAS MATAS
Sonhando, sonhei um dia,
Por obra da inspiração,
Escrever uma poesia,
Que tocasse o coração:
Com versos todos rimados,
De amor dos bem-amados,
Ternura e muita paixão!
De todo verde da vida,
Do azul do céu estrelado,
Do jovem esperançoso,
Sonhando sempre acordado,
Fazendo o mundo da gente,
De toda gente decente,
O nosso mundo sonhado.
Das aves cantando livres
Em abundante ar puro;
Da caminhada dos jovens,
Pisando os pés no futuro;
Dos nossos velhos antigos
Sendo, os melhores amigos,
As luzes do nosso escuro.
Das nossas crianças rindo,
Correndo alegre, brincando,
Num canto, em todos os cantos,
Sem o maldito rondando!
Tendo no pai um amigo
Podendo contar consigo,
Quando estiver precisando.
É um sonho impossível?
Fácil é falar bem da morte,
Propagando mais o ódio,
Chorando a falta de sorte:
Da terra seca sem flores,
Rachada cheia de dores,
Do leste-oeste, sul-norte!
Planeta cor azulada,
Terra d’água e da vida,
Coração de mãe eterna,
Vivendo a vida sofrida,
Lutando contra a ganância,
Estupidez e arrogância
Para não ser destruída.
Só há nuvens, nuvens negras,
Lá no céu, de tão escuro!
A fumaça sendo a arte,
Nessa tela do futuro,
Não se mostra a esperança.
Quem só vive e não descansa
O destino é obscuro.
E as leis que não tem regras,
Dessa gente sem noção,
Que finge sério e que mente,
Sem senso, sem coração,
Demente e dissimulada
Com a cara deslavada,
Diz que tem boa intenção.
O canto dos passarinhos,
Celebrando a liberdade,
São gravados só em discos,
Para a posteridade.
As pessoas mais amigas,
Me lembram as inimigas,
Finge a afetividade.
As vitórias não têm glórias,
Das guerras que já são tantas.
Quem luta come excremento
Sentado entre as antas,
Recontando os seus troféus,
Vitórias das guerras santas?
Cada menino sorrindo,
Seu sorriso amarelo,
Fraco, faminto, carente,
Vagando só e sem elo,
Lá nos buracos sem luz,
No pé, no mastro da cruz,
Sequioso e magrelo.
Cheirando, cheira legal,
Na cola, cola colados,
Numa viagem sem volta,
Ali, em todos os lados,
Perto, tão perto de mim
Sorvendo pedras sem fim,
Com seus corpos flagelados.
Crianças nascem miudinhas
E vão crescendo peladas,
Criadas a fogo e ferro
Sentindo-se desprezadas
Em nosso mundo mundano,
De gente com mão de cano,
De gentes muito taradas.
Elas já não mais reclamam,
Recebem muitas pancadas,
E muito pouco, esperam,
Dessas almas desalmadas
Que embebem da sua fama,
Arrotam sobre a cama,
Engulhos das presepadas.
Essa gente sem noção,
Explorando os mais fracos,
Desprezam sempre os mais velhos,
Depois se livram dos cacos!
Já não amam mais poesias
E andam em romarias,
Com as mãos sob os sovacos.
O planeta está morrendo,
Obsceno e poluído,
Exalando cheiro forte,
Cheiro de porco cozido
Que se sente no chiqueiro
De quem rouba o dinheiro
Desse povo mais sofrido.
Sentindo o cheiro da morte
Os abutres vêm rondando,
Para limpar a sujeira.
Nosso ar tá rareando,
A tendência é piorar.
Tá difícil de falar
Não estou mais respirando?
Dia a dia nessa luta,
Na magia de sonhar,
Na esperança de sorrir
Minha alma a me inspirar,
Na soneca ao relento,
Vivo o sonho do talento
Na inércia do acordar,
Sem a falsa da modéstia,
É a poesia que eu queria
Lá do âmago da alma.
Mas, que estilo de poesia,
Vou criar com esse alento,
Se não resta um argumento?
Mergulho na utopia?
Lá na sombra lá do morro,
Só tem dor, grito e orgia,
E o socorro, quando vem!
Vem da droga, drogaria.
Mas e a festa lá do Cristo
Sem a fé que eu tanto insisto?
Vinde a mim! Santa folia!
A minha linda poesia,
Sem o vosso reino santo,
Escrevê-la já, não posso,
Mesmo clamando em pranto.
É porque, de um bom pateta,
Tenho mais que um bom poeta,
Que sonha cantando um canto.

Vai que eu sonhe com a musa,
Numa noite ou qualquer dia,
E talvez ela me inspire,
A excelente poesia,
De uma chama luz fraterna,
Tão bonita e tão eterna,
Como tanto eu mais queria?

Josué Gonçalves de Araújo