sábado, 9 de fevereiro de 2008

Descaso Político - Menores Abandonados

Vejam um bebe mendigo! O pai e a mãe dormindo sob os trapos, enquanto o bebe sonha com os anjinhos do céu. Os executivos da vida passam apressados e nem notam. Eu vi!Eu fotografei. Devo levar a vida como uma formiguinha?

Rua Barão de Itapetininga, Centro, São Paulo; manhã de junho. Eu, no centro da maior cidade do Brasil. Todas as manhãs, passo por essa rua, aproximadamente às sete e meia da manhã, para tomar o meu café, antes de chegar ao escritório, e me deparo com crianças dormindo sob uma abertura próxima a uma galeria.
São crianças de todas as idades, raças e cores; algumas são muito bonitas. Mas, de alguma forma, preferem os perigos das ruas, e dispensam a proteção dos pais (com quem o risco é maior). Outras perderam os pais. As FEBEM's, proteção do governo? Não. Melhor ficar nas ruas.
Como ficar indiferente? Como entender? Nas escolas não me ensinaram nada sobre tudo isso.
Se fôssemos formigas, tudo seria mais fácil. As formigas não precisam questionar nada, só pensam no trabalho e na perpetuação da espécie. Nada mais. Devo viver como uma formiguinha?

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Fotos de lançamento do livro

Festa no centro de São Paulo - Rua Xavier de Toledo

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Palestras em escolas - incentivos a literatura

Primeiro Capitulo - (O Mistério da Bruxa de Areia Dourada)
Antes do sol nascer
Uma ventania varria a poeira das estreitas ruas de terra vermelha. Um feixe de galhos secos rodopiava pra lá e pra cá, até se enroscar nos pés de uma senhora de cabelos brancos, Nhá Maria, velha, mas ainda bem disposta, daquelas cuja idade ninguém se arriscava a adivinhar com sucesso. Havia quem afirmasse que a velha descendente de índios teria mais de um século de existência.
Naquela madrugada ela estava atrasada para o seu habitual e misterioso passeio matinal. A mão esquerda apoiando uma cesta de vime sobre a rodilha branca feita com os seus próprios cabelos, a mão direita segurando o cajado de quase dois metros de comprimento, com uma forquilha na ponta. Num movimento rápido, usou o cajado para se livrar dos galhos secos que se enroscaram em seus pés. Livre do emaranhado de galhos e num gesto de irritação, resmungando consigo mesma, acelerou os passos como se corresse contra o tempo.
- Diacho! Estou atrasada hoje e, o que é pior, o sol já está quase nascendo. Maldição!
Enquanto resmungava, entrou pela rua principal e um cachorro magro recebeu uma cutucada nas costelas, porque vacilou na sua frente. As ruas ainda estavam desertas e a velha parecia contar com isso. Finalmente, parou junto à porta fechada da quitanda do seu Maneco. Após certificar-se de que não havia ninguém observando, bateu três vezes, de leve, com o cajado, e a porta se abriu. Duas mãos rápidas retiraram-lhe a cesta da cabeça, que foi devolvida em segundos, totalmente vazia. A porta se fechou e Nhá Maria suspirou aliviada. Tirou uma caderneta do bolso e anotou a data em uma página: 10 de abril de 1950. Olhou para um lado, para outro e, não vendo nenhuma alma viva, iniciou o caminho de volta com expressão mais calma, sem aliviar a pressa. Deixou a rua principal e desceu a ruela em direção à sua casa, região leste da cidade. Concentrada em seu trajeto, cruzou por três garotos sem percebê-los. De repente, recebeu uma pedrada nas costas e ouviu o som da correria dos moleques em fuga, gritando versos e palavras de ódio contra ela:

Bruxa papão
Que mata criança
Pra fazer sabão.

- Malditos! Malditos... – Praguejou a velha.
Os garotos agressores desapareceram na esquina da rua principal e Nhá Maria apressou-se ainda mais, ansiosa para chegar em sua casa.

*****
A presidente da AEL - Academia Estudantil de Literatura
Professora Sueli após a leitura do livro, convidou o autor para
realizar duas palestras nas escolas municipais.
Blog da Adademia: http://ael.zip.net/arch2007-12-30_2008-01-05.html

Livro: O Mistério da Bruxa de Areia Dourada


Autografando suas poesias após a palestra.
Literatura regionalista - Juvenil/adulto
Autor: Josué Gonçalves de Araujo

Em 1950 uma anciã, Nhá Maria, descendente de índios, foi acusada de transformar um garoto de dez anos de idade em pedra de sabão, na pequena cidade de Areia Dourada. A líder do bordel, Dona Mocinha, era sua melhor cliente, razão suficiente para que desagradasse as respeitáveis senhoras do local.
Por interesses políticos, cujo objetivo era provocar um linchamento público, o desaparecimento do garoto foi utilizado para inflamar os moradores que, eufóricos, alimentados por preconceitos morais e supersticiosos, somente se acalmaram quando perceberam a casa da velha em chamas.
Além de Nhá Maria também morreu Luzia, a mãe do garoto, que havia entrado na casa na vã tentativa de salvar sua pobre e velha amiga.
Indiano, um eremita desacreditado da região, profetizou em alta voz que um dia chegaria na cidade um corvo, com forte desejo de vingança.
Três décadas depois, numa madrugada, um helicóptero pousou no centro da cidade, trazendo um poderoso empresário suíço e um mestre chinês perito em Artes Marciais e Taoísmo. A cidade ficou em polvorosa e o único assunto era o ilustre visitante em seu traje preto, hospedado no hotel de Zuza, prefeito de Areia Dourada.
Foi assim que o passado começou a se tornar presente, alterando toda a tranqüilidade dos pacatos cidadãos de Areia Dourada...

Esta é a sinopse da minha história. Alguns personagens existiram e serviram de inspiração para a minha viagem literária. O Mistério da Bruxa de Areia Dourada é ficção, mas às vezes se confunde com algumas lembranças da minha infância.
A primeira e mais bela história que ouvi foi de literatura de cordel, contada pela minha avó. O que eu não faria para reviver aqueles momentos, sentado ao seu lado, junto ao tronco do velho abacateiro sob um céu estrelado...
Josué